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Batalha de Montes Claros 1665

A vitória final seria determinada premonitoriamente em Borba, quando um bárbaro Exército Espanhol comandando por D. João de Austria e Nicolau de Langres invade Borba em Maio de 1662, condena D. Rodrigo da Cunha Ferreira Governador Militar de Borba ao patíbulo, seguem-se tropelias várias, estupro nos conventos, mas nesse ano em Junho o Exército Espanhol seria totalmente desbaratado em Santa Vitória do Ameixial, pelo Exército Português comandado pelo Conde Schönberg, e como trofeús de guerra o Exército Português aprisionou 22 peças de artilharia que seriam fundamentais para derrotar os espanhóis na Batalha de Montes Claros, mais um General Espanhol perdia o cintilar das suas estrelas.

No reinado de D. Afonso VI (O Vitorioso), será a Batalha de Montes Claros o quinto confronto entre Espanha e Portugal,  em todos os outros quatro Portugal mantém-se invicto (Batalha de Linhas de Elvas 1659, Batalha de Stª Vitória do Ameixial 1663 e Figueira de Castelo Rodrigo, Valencia de Alcântara 1664), contudo o fim da guerra dos 30 anos entre a Espanha em 1648 com os países-baixos e com a Catalunha, levam Filipe IV a concentrar todos os seus esforços na guerra com Portugal.

Depois do desastre da Batalha do Ameixial, D. Filipe IV de Espanha, não perdoou ao seu filho bastardo D. João de Áustria, tal como em outros vexames militares o General era de imediato substituído,  assim o proeminente Marquês de Caracena invicto até então seria o homem do leme, numa missão hercúlea, perante as tropas portuguesas sob a batuta do Marquês de Marialva e do Conde de Schönberg.

A Batalha de Montes Claros é uma das mais importantes batalhas da consolidação do Reino de Portugal e da sua independência, travada em Montes Claros, no termo de Rio de Moinhos, no dia 17 de Junho de 1665 pôs fim á dinastia dos Habsburgos, daria assim lugar à nossa quarta dinastia a de Bragança, cujo ventre materno tem origem borbense, o 1º Duque da Casa de Bragança, D. Afonso I,  filho de Inês Perez natural de Borba, filha de Pero de Estevez, mais conhecido como o Barbadão, facto  que se deve à relação extra- matrimonial de sua filha com o Mestre de Avis, primeiro Rei da Dinastia de Avis, por isso mesmo, Pero de Estevez jamais cortou a sua barba por desgosto e assim ganharia o cognome de Barbadão. D. Afonso I casaria com Beatriz Pereira Alvim, filha do Condestável Nuno Álvares Pereira e assim seria formado o berço da Casa de Bragança.

Como curiosidade, parte do êxito da Batalha de Montes Claros se deve ao esforço diplomático português com o Rei de Inglaterra D. Carlos II, na contratação do hábil militar Friederich Hermann Von Schönberg em 1660, com experiência em vários teatros de guerra, disciplinou o Exército, introduziu a "marcha de costado" evitando o efeito harmónico das tropas em marcha, foi essencial para evitar a surpresa do ataque inicial das tropas castelhanas do Marquês de Caracena, na Batalha de Montes Claros, pela rapidez com que o Exército português passou do dispositivo de marcha, ao de combate. Mas, se a peleja esteve até ao meio dia a pender para a vitória das tropas castelhanas, seriam as peças de artilharia como espojos de guerra da Batalha de Santa Vitória do Ameixial de 1663, onde as tropas do Conde Schönberg e do Conde de Vila Flor derrotaram as tropas de D. João de Áustria e assim,  mais um General castelhano se imolava nas Guerras da Restauração, das armas de artilharia apreendidas nessa batalha seriam utilizadas as lanternetas ou grilhões, verdadeira inovação, decepou pernas aos militares e às patas dos cavalos em fileiras ou filha numa só pelourada, devido à sua imprevisibilidade de trajectória e mesmo o seu efeito de ricochete após a colisão com o solo, utilizadas na Batalha de Montes Claros, com grande dano para as tropas do Marquês de Caracena.

Facto curioso é a coordenação entre todas as Armas combatentes de Portugal nesta batalha, (Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia/Sapadores e Transmissões), pela primeira vez na história as cinco armas combatentes do reino de Portugal uniram esforços, com um Quartel-General actuando em uníssono, e não por acaso houve sempre um conjunto de estafetas que fizeram o trajecto de Estremoz, por isso não faltaram munições e pelouros às nossas tropas, quando após meio dia a artilharia castelhana se calou, as bocas de fogo do Conde da Ericeira obrigavam o Marquês de Caracena a bater em retirada, para passar a salto a fronteira nessa noite em Juromenha, antes se refugiara num fortim roqueiro no outeiro da Mina.

O Exército de socorro sediado em Estremoz. vem ao encontro de Vila Viçosa  sitiada desde o dia 09 de Junho de 1665, com efectivos e provisões somente para três dias resiste estoicamente até ao dia 17 de Junho, com mensageiros permanentes o Marquês de Marialva ressalva a necessidade de manter a guarda, para que a casa mãe da quarta dinastia não soçobrasse para mãos castelhanas, o que seria uma derrota simbólica. Mas a guarnição de Vila Viçosa, mesmo pouco numerosa, e coadjuvada por militares do Terço (Unidade orgânica tipo Regimento), de Trás-os-Montes combateu com  galhardia, e o Governador da Praça Cristóvão Pereira de Brito apesar de ferido no terceiro dia de cerco, teve de passar o Governo da Praça a seu filho. O Marquês de Caracena e os seus 22.000 mil homens, se no primeiro dia afirmava com toda a altivez que Vila Viçosa era "Castillo de una hora", perante o desespero dias depois reformularia a sua frase para "Castillo del Diablo". Nos dias em que esteve sitiada Vila Viçosa sofreu 245 ataques de artilharia, com pouco dano, a ousadia do governador foi mais além na provocação da ira dos castelhanos, quando ao terceiro dia de cerco, decide organizar uma procissão com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, procissão realizada todos os dias e a artilharia castelhana troava sempre durante o ritual religioso, apesar disso os pelouros teimavam em não acertar no alvo.​

Curiosidade unanimemente aceite por muitos historiadores espanhóis, que a morte de D. Filipe IV de Castela em Setembro de 1665 se deveu ao desgosto do monarca pela independência do Reino de Portugal. Pois o Marquês de Caracena passaria para Badajoz com somente 1.000 mil homens, 4.000 mil tombados em combate, 6.000 prisioneiros, 3.500 cavalos capturados, 14 peças de artilharia e 100 guiões de Unidade, além disso D. Dinis de Melo e Castro comandante dos terços de cavalaria "troncharia" muitos castelhanos (corte de orelhas).

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Lanterneta/Gruilhões

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(1) DIONÍSIO, Sant’Anna, “Museu-Biblioteca de Vila Viçosa”, página 199, Editorial Ática, 1947.

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